MADRUGADA DE DESEJOS
Corria solta a silente madrugada,
No estrelado céu a Selenita luzia,
Para os filhos dos umbrais trazia,
Apenas uma réstia de luz prateada.
No pleno sono um ruído acordou,
Meu corpo que dormia e sonhava,
Com quem no sonho me chamava,
Dizendo-me: Esperando-te estou.
Neste instante o meu pensamento
Andou para longe, muito distante,
E lá chegou como fogoso amante,
Assim trazido nos braços do vento.
Esperava-me uma mulher singular,
Tal qual a deusa do amor, atrevida,
Entregando-me a sua própria vida,
Na forma de um corpo para amar.
Varamos a madrugada no calor.
Cometendo todos aqueles pecados,
Permitidos aos que apaixonados,
Fazem do leito um ninho de amor.
Então, a todos os atos descabidos,
Buscamos em desenfreado prazer.
E quando já nada tínhamos a fazer
Abraçamos-nos a Eros, exauridos.