Paixão de um moribundo.

Ourí olvida que a morte

Possa tolher-lhe os passos gripados

Agora que a esperança sadiamente chegou

E como se olvidar fosse não crer,

Ele olvida demais, vencido pela utopia

De momentos de ânimos acalorados:

Não espera vir a morte agora que não a quer,

Como se ele - pobre doido - pudesse evitá-la...

Ah! como é tola a esperança

Nestas horas vinda,

Tão banal era a vida a pouco!

Indistinguível era o viver do morrer,

O fim nem esperava, talvez já estivesse findo,

Mas agora, agora que as cãs escarnecem vitoriosas

E foge-lhe a virilidade em grossos caldos, tens anelos!

Ourí, morras ao menos feliz, por morrer, se conseguires,

Jogues fora o conteúdo envenenado desta taça.

Ourí, nessas condições estás mais infeliz

Que um mísero que odeia,

Odeies, odeies Ourí, odeies com todo o amor,

O ódio não te exige forças físicas para realizá-lo,

Ao passo que a paixão Ourí, a paixão

É a união de corpos e espíritos sadios,

Vibrando ao calor da juventude!

Arcofi
Enviado por Arcofi em 09/12/2019
Reeditado em 10/12/2019
Código do texto: T6814710
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