Perfume de Amor



Aromas dominam o ar,
os sentidos olfativos
estão despertos.
O perfume, a fragrância,
a química cosmética,
a química da natureza.
A troca de carícias,
os suaves toques.
É mulher que se converte em ninfa,
é o homem que se faz amante.
Mas é a figura feminil
que se faz dona de toda graça.
É estrela, atriz principal.
Nesta peça o seduzir é suave,
não domina, apenas convida,
não toma, não tem posse,
apenas troca,
apenas compartilha.
Penetrante olhar,
portais das interioridades.
E a realidade
fica tingida de sonhos,
se encontra um lugar particular,
uma intimidade dividida a dois.
As fantasias não ferem,
os sonhos não causam anseio,
os corações batem pacíficos.
As bocas murmuram versos,
e o poema já nasce completo.
Tudo parece ter saúde,
todas as cores parecem vivas.
Em meio às faces, sorrisos acolhedores,
o gentil cavalheiro, e a doce dama.
Tudo tão antigo, tão ultrapassado,
mas bons tempos que não foram.
Idealizados num cotidiano veloz
de paixões e amores corridos,
sem tempo de sentir
o néctar oculto dos sentimentos,
sem esperar o suficiente
para plantar as sementes
de futura saudade,
guardada na memória do olfato.

 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/12/2019
Código do texto: T6813469
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.