Sentidos no silêncio .
As vezes me divirto
Com os sons do silêncio
As atitudes d'um prudêncio
que sou, me advirto!
Me privo de tudo qu'é desejo
Só para ficar solitário
Adentro fecundo ovário
Qu'é a mente, onde almejo.
Permaneço por horas
Em devaneio fluido e franco
E'meu mundo preto e branco
Vibram sons férteis nas têmporas.
Os sons ficam coloridos
Altos, ecos - longos - retumbantes!
Quando te vejo nesses instantes
Instigam todos meus sentidos!
Te vejo: recupero a fé
Quando caminha cintilante
Arrebata - me, és fascinante
Teu andar leve, pé - a - pé !
Te cheiro: delgado pescoço
Cascata que exala frescor,
Teus cabelos, pétalas de flor,
Perfume enfeitiça este moço!
Te toco: Stradivarius afinado
Com cuidado, tratada à diapasão
Ajustados acordes do coração
No meu dedilhar refinado.
Experimento: Doce mel labial
Qu'escorre envolvendo o paladar
Conversam as línguas a brincar
Em uma ciranda de carnaval.
Te ouço: atravessa angustia
Tua voz colore meus dias
Traz inspiração e alegrias
Mantém minha modéstia!
Não quero sair de mim
Desse silêncio repleto
Dos sons sou completo
Nesse lugar sem fim !
Só saio daqui em tua presença:
Assim que te ouvir virá desejo,
Te toco, inalo, saboreio, vejo,
Cobiço de forma intensa !
Rafael Lustosa Ribeiro