Poema do Anjo do Senhor

Todos Têm O Direito de Ser Idiotas

“O Socialismo para mim é uma dor aguda e constante de consciência que nos impulsiona a corrigir variedades sucessivas de injustiças(...). Mas não acredito mais na possibilidade de uma “sociedade perfeita” (...) Acredito numa “boa sociedade” definida como a Sociedade que se recrimina sem cessar por não ser suficientemente boa e não estar fazendo o suficiente para se tornar melhor..” (Zygmunt Bauman – Sociólogo Contemporâneo – Ética Pós-Moderna/The Individualized Society)

Todos têm o direito de ser idiotas. Comerem carniças enlatadas e pensarem que são chiques nessa degustação. Adquirem créditos de mentiras envelopadas em grifes. Acreditarem no open-doping da mídia atrelada ao consumo insano. Votarem em sociólogos falsos ou em quem diz que rouba e faz. Usarem roupas feias com tons berrantes importadas de países-tigres, mas que financiam o neoescravismo asiático pra exportação barata, e concorrência desleal, no insano mercado exterior globalizando falcatruas sistêmicas.

Todos têm o direito de ser idiotas. Lamberem sabão e arrotarem baunilha química. Adquirem vírus de armadilhas virtuais famosas. Administram neuras com esoterismos tantãs de fin-de-sécle. Votam em babaquaras neoliberais e mamutes corruptos como o Bush-Cloaca. E costumeiramente usam-se de burrices adquiridas em feudos ancestrais, para parecerem o que não são, mas tolamente pensam que são.

Todos têm direito de ser idiotas. Pagarem alto preço pelo custo de sobreviverem entre luxos burros. Comprarem gatos por lebres de camelôs contrabandistas informais. Tomarem rações de maconha misturada com estrumes nativos. Arrotarem gracezas pífias e mediocridades televisivas num bundalelê geral. Posarem de possesivos donos impolutos, entre janotas & boçais de novidades trazidas de museus primitivos de sobreviventes do antes.

Todos têm o direito de ser idiotas. Mamarem em tetas podres do ordinário capitalismo selvagem, o capitalhordismo americanalhado. Comprarem carnês de salva-vidas terceirizados por antros de escorpiões. Estudarem para serem nadas e ninguéns, com diplomas de faculdades de quintais periféricos ou em cursos de fins de semana. Assobiarem e chuparem cana como se fossem artistas reprovados por Deus. Tudo isso num circo ridículo. Quando não, ainda se alimentam de grandezas mortas e em falência do espírito que não querem pagar pra ver. E não aceitam provocações...

Todos têm o direito de ser idiotas. Querem aparecer na TV a qualquer custo, mesmo que de variados testes do sofá. Viajam pra Miami-Esgoto e parecem índios jecas com jeans cabritados em oficinas clandestinas. Torcem pra times falidos e freqüentam torcidas uniformizadas de barracos e bandidos teens, filhinhos de papais engomados em cotação-dólar. E ainda sonham um lugar ao céu de uma promiscuidade sem tamanho. São alimentados por uma mídia-muleta de emboabas alienados.

Todos têm direito de ser idiotas. Com máscaras contra gases imitam estrelas de famas inócuas. Cheiram cocaína como se fosse o breakfast da América Cloaca. Amam prostitutas travestidas de ruge brega em clãs de pop-star. Como amebas sonham barbaridades pervertidas desde que não sejam com eles. E o sexismo é uma porção do bem-estar social dos inválidos por dentro como cuias ocas de chimarrão transgênico.

Todos têm direito de ser idiotas. As músicas modernas são danças epiléticas com coreografias primitivas das eras das cavernas. As modas passam como nódoas de prostitutas em estéticas de parafusos soltos. Usam-se de cartões de códigos como se fosse um revólver de solda na auto-estima. Sonham enciclopédias de decorebas em latas de sachês vazios. Mascam cifras, utilizam-se de nuvens vãs de isopor com artifícios do satã capitalista em dependente república de bananas.

Todos têm direito de ser idiotas. Acreditam mais na CIA, no FBI, na CNA e na Bolsa de Valores do que em Deus. Pertencem-se como potes de vísceras. Fingem uma coisa e são outra. Moram mal, amam mal, vivem mal e porcamente e ainda ostentam atitudes chulas. Entre estrias no ego, cicatrizes pré-definidas das deformações e com hemorragias na precisão da ótica disforme do real, babam literaturas baratas de raps rueiros pra consumo trivial.

Todos têm direito a ser idiotas. Repetem constantemente o mesmo disquinho de falas emplumadas pra consumo ordinário e coloquial de meio. Amam mais a Internet do que os próprios filhos. Sonham em sexo livre com a empregada humilde, a secretária trílingue e a pobre vendedora de Yakult. Parecem marionetes de currais que chamam condomínios. E sonham uma Hollywood tropical para mostrarem cílios postiços. Nem que seja numa periferia vergonhosa pior do de Puerto Rico. Carimbam passaportes de amarguras para se despistarem de si mesmos, pois parecem reses. Ou ovelhinhas tosqueadas...

Todos têm direito a ser idiotas. Líderes e prostíbulos, palhaços e hienas, poetas e rinocerontes. Eu me caibo no direito de não escrever nunca o Estatuto da Sobrevivência Ético-Humanista Possível. Espero que nunca me venham cobrar uma realidade paralela de um ex-socialista, ex-boêmio, ou ex-anjonauta em mundo substituto. E então eu poderei renegar também de escrever o Décimo Livro Sagrado.

Todos têm o direito de ser idiotas. Só alguns admitem culpas nos cartórios. Ou são galinhas entre ratos, urubus e herdeiros dos porcos verde-oliva com dõlmã-de-tala. Tudo é só um chiqueiro social mesmo, no curral das aparências que enganam. Entre espetáculos circenses da sobrevivência ególatra primordial. Usam diazepan, edredon, tvglobo, viagra e um capitalhordismo americanalhado. Em feriados prolongados, ou finais de ano, gastam o que não têm pra fazer bonito. Teimam em sonhar uma ALCA canalha & calhorda (vejam o mal que fez pro México.com) Assim cantariam pós-modernidades trouxas. Acham que isso acabaria com o terceiromundismo, quando somos fruto da exploração/colonização/dependência. Ficariam todos sifilizados com os reais drenos dos resultados na Caixa Preta (do Caixa Dois) dos Donos da mídia anglo-saxônica que vendem os peixes podres que vomitam intoxicados.

Todos têm direito a ser idiotas. Uns já escrevem e raciocinam mal e outros defendem a libido entre cálculos de mentiras com dígitos alienantes. Todos buscam promoções entre máfias & quadrilhas da falsa lei de oferta e procura. O mercado livre é uma piada de humor black. Livre mercado manietado por oligarquias. Lobos com pele de cordeiros de deuses judaico-católaicos. Todos os impérios tiveram perna curtas, mas, o atual têm asas de arbítrios escusos. Salve-se quem puder.

Todos têm direito de ser idiotas. E se lambuzam em escarros pseudo-humanos do status quo furado. Cheiram creolina e dizem que usam perfumes europeus. Lavam a alma insarada em riquezas injustas e lucros impunes (mais as propriedades-roubos). Acendem uma vela pra Deus, outra pro Capital e tantas para Belzebu ou comércios-roubos. Choram pitangas brasileirinhas, mas têm escorpiões nos bolsos. Todas as corporações, entidades - tradição, família, sociedade – são embustes emboabas de ranços adquiridos. Corporativismos...

Todos têm direito de ser idiotas. Acreditam mais no lucro fóssil do que em um Deus sem imagem e semelhança. Sorte Dele. Andam com patuás de makumba e decoram rezas que mascam como chicletes de trufas ignóbeis. Se acreditam protegidos por cestas básicas que roubam das mesas dos ricos, em confeitos de dependências dissimuladas. Comem lixos transgênicos como potes de vísceras. São receptáculos do que dita a TV Senzala em parabólicas de sebos nos glúteos que só cabem em download de um Século XXX que terá vergonha do Século XX.

Todos têm direito de ser idiotas. O crime compensa (trombadinha é a fome). A classe média se acredita bem-aventurada entre totens de miserabilidades adquiridas desde a Marcha da Canalha de 1964. Latifúndios improdutivos de idéias. Mirantes caolhos. Necessidades de álcool. Fés dirigidas. Todo bom negócio é charlatanismo. O relógio do tempo não tem peça de reposição? Pensamento único: parecer o que não é.

Todos têm direito a ser idiotas. Poderes constituídos com tantas taxas de trevas. Alimentam-se de cervejas porque o queijo é de petróleo. Burros xucros que orgulhosos cagam godê. Arrotam valentias empresariais mas usam e abusam do preço-vergonha. Vegetam entre etiquetas. Acreditam na santíssima trindade do dólar, petróleo e narcotráfico, porque de alguma maneira todos são dependentes. Café sem cafeína. Sexo virtual. Carne de capim transgênico. Móveis de pneus. E seres humanos sem compaixão. Rótulos.

Todos têm direito de ser idiotas. Ai de ti Brazyl S/A – Talvez essa idiotização sifilizada valha como desculpa na hora hagá. O morro vai descer o morro. Morte aos pequeno-burgueses. Saravá, camaradas calvos e obesos com cursos de sobrevivência na selva de pedra e cimento armado até os entes. Marx está morto. A América Cloaca é uma mentira. Os liberais são impotentes e vestem-se de almas depenadas. São todos galinhas ciscando pra trás. Ainda nos orgulharemos dos servos. E os servos se orgulharão dos escravos. E os escravos se orgulharão dos canibais. A cada século a raça humana volta-se pra dentro de um desvio de Darwim em DNA errado. O homem descende dos macacos, mas os macacos se envergonharão disso. Seremos reduzidos a zeros abismais. A máquina dominará o homem, O homem será o algoz do ser de si. O dia da evacuação chegará. Todos serão espíritos de porcos. O bairro-olaria se refará no Jardim do Éter. Poetas e grávidas primeiro. Ave Hidrogênio.

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Silas Corrêa Leite

Anarquista Técnico, Socialista Teórico e Humanista de Resultados

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