COSTURAS
Meus tecidos minhas sedas
meus linhos minhas meias
Meu cortar meu cozer chulear
meu alfinetar minhas teias
Sua carne sua pele sua boca suas
verdades suas veias
Seu querer suas linhas se traçado
costurado rasgado
Então teci consumi teu nome escrevi
em linha reta e sumi
Teu excesso minha loucura a espessura
a lucides a rasura
Sou moldada cortada tingida vendida
consumida ungida
Discreta teço a mortalha em linha reta
ouro–escarlate da paixão
Manequim sem vida frustrado calado
do lado de seu coração
Amor retalhado juntado encaixado
alinhavado em patch work
ADELE PEREIRA
28/11/19