Pode ser... Quem sabe?
Pode ser que você já tenha alguém
Há de se supor que eu lhe seja velho
Pode ser que a química se tenha negado
E que o torpor, ah, esse indolente
Tenha preferido outros dentes
Outras promessas malemolentes
Pode ser também que o outono
O tsunami, ambos tenham interferido
No giro no grau no sal da Terra
Pode ser que a nova era não venha
Que a menina prenha chore
Que a criança não vingue e não repita
E que a fábrica que já não apita
Não alimente os sonhos os ânimos
Pode ser que o Natal não aconteça
Que o velho desapareça na Lapônia
E que o nó que ninguém desata
Desate o pranto no poeta
Que copiosamente, quem sabe, chore
E quem sabe o meu amor descanse
Livre-se do quem sabe, um dia
Que apesar de todo pode ser
Muito além dos quem sabes intensos
Tem algo que sei e não posso negar
Que eu te amo e assim morrerei
Te amando como quem sabe... Ninguém.