PEGADAS APAGADAS
Daquele amor que nunca tive
e portanto nunca me lambuzei
que saudade tenho.
Daquele amor que nunca mereci
e portanto nunca aplaudi
que saudade tenho.
Daquele amor que nunca ancorei
e portanto nunca ninei
que saudade tenho.
Daquele amor que nunca abençoei
e portanto nunca abracei
que saudade tenho.
Daquele amor que nunca vivi
e portanto nunca mergulhei
que saudade tenho.
Esse amor que tem de sobra em volta,
da folha pela árvore,
da água pelo mar,
que sempre fugiu de mim,
não mais saudade tenho.
Hoje só me resta o pesar,
olhar pra trás e só ver pegadas apagadas,
olhar pra trás e só avistar um oco legado,
dá vontade de chorar.
Errei no passo, no tom, na vez,
perdi o tempo, a vez, a vida,
perdi meu papel, errei o roteiro,
me enganei do meu próprio fruto.