Recado de um defunto

Aqui, quem vos fala é um defunto.

Cuja missão nobre é deixar um alerta.

Uma espécie de Minerva,

para os futuros apaixonados.

Eu fui um homem miserável...

Por medo de está vulnerável.

Fugi, como ladrão foge da polícia.

De todos os afagos, beijos e carícias.

Me tornei indiferente,

Nada falei, reagi ou senti

Busquei o eterno elixir,

Para no fim, nunca amar.

Farsa! Magoei para não se magoar,

Machuquei para não se machucar,

Sou um cadáver, sepulcro caiado,

Fedendo no caixão de egoísmo e dor.

Guardei um coração impenetrável,

Seguro, sem movimento, sem ar.

Cuja sentença é uma condenação:

a eterna solidão de não se afeiçoar.

Exponha seus sentimentos mais profundos,

Assuma seus próprios medos.

Se declare, dê seu mundo!

Mesmo que seja para uma pessoa só.

Não esconda um carinho,

Nem mesmo as suas feridas,

Você não sabe se a pessoa querida,

Está disponível para cura-lás.

Esteja disponível, seja vulnerável,

Corra o risco do inesperado!

Porque amar em silêncio,

te faz perder chances irreparáveis.