O último Vómito
Devagar me incendeio
e toda a respiração me fica atropelada,
o sangue a encher-me as veias,
o corpo pronto, a boca seca.
Demoras a chegar ao meu tempo,
tardas no milímetro final
e já quero explodir e não posso.
Anseio e fico assim parado, morto,
aqui a rasar a tua pele
como uma brisa quente que me levasse
arrastado até onde reina a tua boca blasfema,
a tua luxúria requintada,
o teu nada a encher todas as velas que não tenho
e ser nau enfim do teu tamanho, o ar que leva o fogo
para onde quer que olhes.
E agora é que me tocas, me apertas, me rasgas .
Me insultas.
Quero morrer e não devo
e quero ter e ainda me falta,
e vou até ao fundo do teu urro
como gárgula infame no último vómito!