Saudade daquelas tardes,
da afeição súbita e veloz,
de quando dissipávamos a distância
e descontávamos o tempo
Saudade de quando revelávamos as dores,
[não tenho saudade das dores...],
mas da troca de experiências,
da mão estendida, do colo, do afago,
da afinidade e até dos silêncios,
de quando nos enredávamos a imaginar,
[almas em transe e suspensão],
sabemos, havia algo inexplicável ali
Saudade daqueles dias
em que escrevíamos poesias juntos
e juntos ríamos de tantas bobagens
Saudade da tua voz ao telefone,
[da doçura absurda por trás da força],
que arrastava o meu sangue à garganta,
quando desenhavas paisagens nos meus olhos
e ventavas poemas nos meus cabelos
Saudade daquela nossa amizade,
de quando
eu ainda não te desejava nu em pêlo .