O voo do vinho
Meu poema é de paz,
de amor,
e, principalmente de doce e cruel dor.
Fui ao amor buscar guarida,
abriu-se uma imensa ferida,
achegou-se uma nova dor sem fim.
Para se amar é preciso morrer,
esquecer o mundo,
viajar para seu fim
e só depois de mim, beijar a esperança
de ser-se amado com lembranças,
verdadeiramente amado.
O amor é faca afiada que corta sem pena,
é fogo vadio que queima e não amena,
é a dor da dor que dói no que sinto.
Leva-a, avião imenso...
traz de volta que preciso alimentar meu sofrimento
e dizer a ela que não sou de ferro
e nem suporto ausências.
A dor que um poeta sente
é a mesma dor que a morte mata
E nunca se contenta!
Meu poema está no vinho que trago à boca
que quase louca se cala
ao embalo de tão profundo sentimento.
Poema inédito (10/11/2019)
Paulino Vergetti