Aquela esquina...
Logo eu, tão cética, me vejo envolvida. Há um temor que me consome: a incerteza. Aqueles lábios, semelhantes ao abismo do paraíso, deixam-me desnorteada. Ele... ousado a ponto de me tirar o coração. A maestria com que ele brinca com a minha mente é inenarrável. Seu sorriso, tem um valor inestimável. Tão adepta a melancolia, me observo inclinada aos textos românticos... Seu semblante povoa o meu imaginário, estou à mercê dos seus encantos. Espero não lesionar minha essência, não ferir meus pensamentos. É venial o fato de que eu já não posso me desvencilhar desse possível enredo. É inócuo tentar. Mais uma vez, ao adormecer, irei me questionar: qual surpresa nossa história revelará amanhã?!
A silhueta dessa história começa a ganhar um formato desconhecido. Há uma úlcera na cerne: eu não sei o que dizer. Logo eu, que sempre amei as palavras, não encontro um adjetivo que o qualifique com êxito. Não é cotidiano encontrar alguém como ele. Ele não sabe, mas já despiu a minha mente, amputou meu ceticismo. Me ofereceu a prótese: seu sorriso e, ora, com uma audácia supérflua, fez meu ego usar muletas. Se porventura da vida nossos caminhos se cruzarem em alguma esquina, espero sentir a mesma emoção que me invade ao vê-lo, quase sempre no mesmo banco: emoção do desconhecido, emoção de querer apalpar seus sentimentos e me tornar dona deles de forma vitalícia. Exteriorizar meus sentimentos e torná-los tateáveis, para agradá-lo. Até na intensidade indizível dos seus olhos, procuro me enxergar.
E mais uma vez ao me deitar, me questiono: a que ponto essa afabulação irá chegar? Espero te encontrar...naquela mesma esquina...