Reflexão das onze
Já passam das onze de um dia sem fim
Me levanto como quem se deita
Olho para mim mesma no espelho
Sorrio
Tudo está como deveria estar
Olho para ele ,
imagino que nada no mundo é tão maravilhoso
Nem mesmo o céu estrelado de Van Gogh
Nem mesmo o sol
Nem mesmo a lua
Nada se compara com sua beleza
[Sua face se ilumina ao sorrir
Penso que talvez nada exista de fato
Ou talvez exista
Penso como em todos os dias
Penso até perceber que ele me olha
Me observa como quem lê a alma pensante que existe dentro de mim
É como se fosse inevitável
Leio um livro cujo o final foi guardado
Minha mania de não gostar de fins
Afim de viver para sempre com a incerteza da dúvida
Percebo que bons finais condizem com bons momentos
E nada no mundo se compara com bons momentos seguidos de explendorosos finais
O tic-tac do relógio me faz abir e fechar os olhos
Em um piscar o dia se aproxima do fim
Olho para ele ,e percebo que logo deixarei de contempla-lo
A saudade me invade como se ele já estivesse a quilômetros de distância
Nada é capaz de descrever a angustia que a sua partida representa
Já passaram das onze de um dia sem fim
Que carrega consigo as incertezas da vida
Me deito como quem se levanta
Sonhando com as certezas que um dia ei de ter
Apenas uma é momentâneamente irrefutável
Ele continua sendo extraordinário