Flor de Mel

Ah, Flor de Mel

Tirai-me deste mundo cruel

Leve-me ao céu

Sua mão

Sobre minha mão

Corrimão

Para o portão

Que me disse sim, em oposição

À terra, berrando o não

O rio que te dissolveu

Foi o rio que que serviu

Como solvente

Para te trazer de volta

Para esse bobo descrente

Quarto sem ar

Rosto familiar

Frio decrescente

Voz crescente

Verde caído

Abraço querido

Terra largada

Felicidade dourada

Meu rosto

Desfigurado, feito um monstro

Você uniu os pedaços

Feito cadarços

Reconheceu os laços

Que antes unira

Nossos braços

O sangue

Dentre os meus mangues

Se despiu do azul

Que me chamava de um

E vestiu o vermelho

O amargo de eras recentes

Fiquei sem vê-lo

Minha doce

Flor de mel

O cheiro continua

Agridoce

E o gosto

Que sempre me deixa

Ao léu

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 27/10/2019
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