Lençois
Na vida dourada que talvez tive,
Nos lençóis que já esquentei,
Nos amores que nunca estive,
Nas desgraças pelas quais passei,
Serei agora um homem só, um homem nu,
Serei grosso, não, serei só um esboço,
Serei manso, ronco, bronco, cru.
Sei que menti, menti várias vezes,
Bajulei a mim mesmo e agora me condeno.
E agora o que sou? NADA... mas só às vezes!
Cegar-me-ei então,
Para que meu sofrimento seja brando,
E essa dor que é tão minha encontre uma saída.