Indolente sedutor
Como um barco solto ao mar é o desejo de amor alheio à verdade,esculpido com as palavras frias e calculadas do indolente sedutor.
Aquele que, como predador, vê na alma dos desesperados sua diversão e é guiado por um desejo insólito de um ego sem limites ou pudor.
Duro e obscuro é o pensamento egoísta do amante inveterado, aquele que não mede esforço por uma paga de atenção;
Sujo em seus pensamentos, ele tem na confiança alheia o impulso da maldade, tal como o vento na vela de uma nau pirata.
O indolente navega por águas incertas e busca alívio à sua alma estragada, mas o céu azul ao fundo, no horizonte, está tingido por núvens obscuras.
Há sempre uma terrível e avassaladora tempestade pronta a desabar, pronta à explalhar no ar o cheiro ácido de sua agonia.
Duro, tosco e patético é a trajetória escrita nesse mar.
Mar de águas cáusticas a dissolver a verdade oculta em seus desejos.
Desejos toscos e egoístas por um amor improvável, desespero sórdido a construir táticas em sua existência solitária.
A fuga da provável dor ao se amar alguém.
O grito de dor e desespero, em meio ao turbilhão de águas turvas, a tingir de sangue a face dos honestos, a transformar palavras em sedução desmedida.
O choro desesperado do egoísta é um choro por atenção, mas as lágrimas que escorrem pela face secam e deixam apenas sal.
Mas, se se quer amar, a dor desperta e o egoísta por amor estende a vela do barco ao vento e
busca recolher o que restou da brisa de esperança dos que naufragam.
Dos que perdidos, abandonados, e sem saída se entregam à ilusão de palavras de amor vazias.
Dos que aceitam um naco de luz, como mariposas perdidas no escuro.
Navegando incerto em seu imenso oceano, o que se proclama solitário, não vê no horizonte a luz.
Segue arrastando seu pesado barco rumo ao horizonte obscuro à frente, de apenas núvens escuras de tempestade e ventania.
Esse mar de solidão, como única companhia provável e possível, o conduz e o naufrágio certo se aproxima.
Nau à deriva com as velas içadas ao seu desejo incauto por amores voláteis.
Os últimos nacos de vento, nas velas molambentas de seu barco, o levarão para a solidão irreversível das profundezas desse mundo.
No fundo do imenso mar de incertezas , restará como um cadáver, morto por desesperança.
Gladyston Costa