E QUANTOS AMORES VIVEREI?
Não sei quantos amores de verdade eu vivi. Só sei que não foram muitos. Na verdade, quase nenhum. Amor que faz disparar o coração e encher de borboletas o estômago é algo que não chega fácil pra mim, em mim. Não porque eu não permita mas porque o amor no sentido mais pleno e profundo é raro. E aqueles que não o carregam tentam – e algumas vezes se aproximam de mim – com a falsa promessa de um amor duro e verdadeiro. E por alguma ingenuidade e esperança no sentimento humano, eu permito que se tente esse sentimento dentro de mim, junto comigo, embora lá no fundo eu sempre desconfie que o amor não é isso. Nem um pouco disso!
O amor não vem como doutrina, como unilateral, uma sina. Não, o amor não é a crítica destrutiva, a implicância, o ciúme. Nem tão pouco a ferida que infecciona depois de muito tempo inflamada. Não! Não é a causa mortis de uma das partes envolvidas, nem a inveja, nem a total ausência. O amor é bem mais que uma pessoa + uma outra pessoa. Amor é a multiplicação que se dá quando as partes envolvidas se respeitam, se entendem, e, dessa forma, se complementam e multiplicam boas energias.
Não! O amor não é uma prisão! Não é um simples desejo. Não é eterno tesão. O amor vai além das fronteiras – e barreiras – do objetivo e do subjetivo. É algo nascedouro, não imposição! Não é guerra com tréguas, nem ameaças, nem soberba, nem fantasia ou ilusão. Não é excluir, e mentir, e trair. Não! Não é a sentença aplicada, a pena atribuída, a casa silenciada, a porta de saída. O amor não vem daqueles que nem sequer o conhecem. Não vem de quem nem o viu ao menos uma única vez
Não! O amor está acima de tudo e de todos, de qualquer julgamento. O amor é atemporal. O amor é anormal. O amor é inexplicável. E não sei se um dia ele me encontrou e eu o deixei partir. Ou simplesmente eu jamais o senti. Contudo cheguei à conclusão de que o meu “eu” um pouco ingênuo , realista, otimista, de alma jovem, comportamento juvenil, sorriso por vezes infantil, continuará seguindo em frente, sem temer aos ardores, aos falsos amores, às promessas de amizade e de plena felicidade.
Porque toda bondade e pureza que eu puder alcançar, e estiver em paz comigo própria, sem me sentir só, nem incompleta, nem infeliz, saberei que a plenitude do meu ser valerá a pena. E me lançarei sem receio até atingir o nirvana, uma vez que não importará absolutamente nada quantos amores eu vivi – ou viverei.
Éryka Patrícia Ramos Pereira (Caruaru/PE)