MINHA ALMA SE ACALME

Certas palavras, confusas e afoitas

Entorpecem minha alma e meu corpo

Que nus caminham na chuva forte

Lado a lado, como dois estranhos

Nestas lagrimas incolores e inodoras

Estas palavras que batem como marretas

Em minha cabeça, ecos num crânio morto

Martela o peito esgarçado, criando cortes

Machucados profundos e em olhar castanho

Sorri em forma de nanquim, expressão amadora

São tantas as palavras que em arbusto ou moita

Escondo-me no campo entre pensamentos tortos

De anjos brancos e aleijados, no bar outro porre

Saudade de algo, não sei de quê, sei que estranho

Fascina e ecoa nas entranhas que não conhecera

E descubro nestas palavras, agora, escritas

Em garranchos, na mesa do bar, no guardanapo

Entre um trago e outro, com virulentas dores

Das palavras que martelam o meu oco crânio

E que aos poucos, de saudade, se desmantela.