O sangue não é vermelho

O sangue não é vermelho

Nem o bicho é feio

A luva não é de lã

Nem o sapato de couro

Tuas palavras são conflitos

Bens sabes que não podemos

Desfazer a ordem do Universo

Explorar cavernas de brios

Cansar os espiões das madrugadas

O sangue é vermelho e eu te pesco

Tirana e malvada levaste-me

Presa no teu ventre feito feto

Dos desafetos enforcados

Choro a perda das larvas amantes

Fui tua prostituta na cama

E tua dama no vinho e na seda

Mulher sem seios sou eu

Mutilada pelos teus carinhos

Que partiram na nudez da noite

Águas em mim são correntezas

Mas nada levam além de pedaços de mim

Já não sou nada, acho que fui algo

E quando fui algo não percebi sê-lo

Perdi-me, mulher, em ti.