O inolvidável ocaso da primavera
Só me apaixonei
de verdade uma vez
e não foi bom.
Depois da primeira vez,
todas as outras
são qualquer coisa
mas sempre
tem o cheiro inolvidável
de ocaso da primavera.
Não é boa a lembrança,
não foi confortável viver
numa concha
onde meu coração
batia amiúde.
Deve ser amor,
pensei abatido
a salivar o sal
que a concha
me dava como ração.
E era amor.
Era tudo junto
numa poção
que o diabo
desprezara por saber
que não dominaria
os efeitos colaterais.