Bendigo

Maldigo o bendito dia que tu

Entraste por esta porta

Que fincaste teus olhos em mim

Como um punhal de ouro

Que perfuraste minha solidão

Com teu eterno meio sorriso

Que confundiste minha sensibilidade

De arquétipo romântico

Estereótipo de poeta medieval

Caçador de aventuras domado

Quando apareceste, num dia

Já tão distante, com esse ar

De música e lembrança,

Nostálgica manhã de sol, tarde

De chuva e saudade completa

Bendigo a maldita hora em

Que tu surgiste com tua alma

À mostra, alma de menina e

Santa, deusa de pecados e sonhos

Irrealizáveis, pureza impura e

Mais que templo, tempestade.

Maldigo o bendito dia que vieste

E mais o dia que te fostes

Linda e paradoxal, como uma

Flor no pântano do peito meu.

João Barros
Enviado por João Barros em 15/10/2019
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