Bendigo
Maldigo o bendito dia que tu
Entraste por esta porta
Que fincaste teus olhos em mim
Como um punhal de ouro
Que perfuraste minha solidão
Com teu eterno meio sorriso
Que confundiste minha sensibilidade
De arquétipo romântico
Estereótipo de poeta medieval
Caçador de aventuras domado
Quando apareceste, num dia
Já tão distante, com esse ar
De música e lembrança,
Nostálgica manhã de sol, tarde
De chuva e saudade completa
Bendigo a maldita hora em
Que tu surgiste com tua alma
À mostra, alma de menina e
Santa, deusa de pecados e sonhos
Irrealizáveis, pureza impura e
Mais que templo, tempestade.
Maldigo o bendito dia que vieste
E mais o dia que te fostes
Linda e paradoxal, como uma
Flor no pântano do peito meu.