ILHA DESERTA
Fecho os meus olhos
da luz forte, na penumbra, eu te vejo
mais dentro de mim, aconchegada
no torpor da tarde. Te imagino
mais perto que a memória permite;
teus longos cabelos negros
ainda estão
espelhados da distância insensível.
Estás tão perto e visível
na negritude de toda cor, os teus olhos
que fundem o teto do céu aos choupos
das sinuosas árvores, nossos corpos,
nos limites vencidos da carne e da alma.
Atraca em mim, e tremo todo recebê-la
como um barco, sem nenhum porto
ou um só e único cais,
mas, em toda a minha extensão
dessa ilha deserta.
Do livro: Eu... E Outras Poesias