Cunhã

Aí, cunhã de meus tormentos

Que neles me tranquiliza!

Que em mil cores matiza

Um réles, um simples momento

Aí, cunhã de meus sonhos!

Que em olhos estáticos me paralisa

Dos meus olhos roubando o sono

E de minhas madrugadas roubando a brisa

Aí, cunhã de mil braços!

Que neles me aprisiona

Que em seu seio me abandona

E em suas formas me enlaça

Sou, pois, de seus caprichos um escravo

E se em seu corpo eu mergulho

Lanço às feras meu orgulho

E em sua essência eu me lavo

Aí, cunhã de sede insaciável!

De tão volúvel que é

Por vezes, nem é palpável

Embebendo este peixe no Vai-Vai da maré...

Como me asfixia a sua boca devassa

Por onde dormem meus beijos

E vai além do que vejo

As fronteiras que o desejo ultrapassa!

Aí, como incandesce o corpo e a alma

A volúpia impetuosa da cunhã inconsequente!

Fazendo malabarismos com a ânsia e com a calma

E deleitando-me no desvario de amá-lá eternamente

...namente ...mente ...ente ...te

...ecoando na brisa

...E esbarrando na realidade!

(Claudiomar) 16/11/2007

Claudiomar
Enviado por Claudiomar em 06/10/2019
Reeditado em 08/10/2019
Código do texto: T6762551
Classificação de conteúdo: seguro