Cunhã
Aí, cunhã de meus tormentos
Que neles me tranquiliza!
Que em mil cores matiza
Um réles, um simples momento
Aí, cunhã de meus sonhos!
Que em olhos estáticos me paralisa
Dos meus olhos roubando o sono
E de minhas madrugadas roubando a brisa
Aí, cunhã de mil braços!
Que neles me aprisiona
Que em seu seio me abandona
E em suas formas me enlaça
Sou, pois, de seus caprichos um escravo
E se em seu corpo eu mergulho
Lanço às feras meu orgulho
E em sua essência eu me lavo
Aí, cunhã de sede insaciável!
De tão volúvel que é
Por vezes, nem é palpável
Embebendo este peixe no Vai-Vai da maré...
Como me asfixia a sua boca devassa
Por onde dormem meus beijos
E vai além do que vejo
As fronteiras que o desejo ultrapassa!
Aí, como incandesce o corpo e a alma
A volúpia impetuosa da cunhã inconsequente!
Fazendo malabarismos com a ânsia e com a calma
E deleitando-me no desvario de amá-lá eternamente
...namente ...mente ...ente ...te
...ecoando na brisa
...E esbarrando na realidade!
(Claudiomar) 16/11/2007