Para que servem os versos e versões?

eu atravessaria a cidade inteira

só para te ver sambar

escutaria os anseios da nossa melodia

marcaria as pausas com os pontos finais do bumbo

nossa bossa é falada

é hiphop lento

é a dinâmica melódica do forró

por você eu cantaria a lista telefônica

em redondilhas

tataritaritata

música é coisa física

estímulo concreto sensorial

criamos em cima de um murmúrio

nossa poesia frágil sem quem ou quê

mas isso não importa - liga o gravador

criamos em cima de um muro

nosso poema caduco que ora cai cá ora acolá

suprassumo

quaisquer “quais quais” oracular

o sopro assumo

linda flor em botão a voar

brinda amor em bordão a bordar

finda a dor em refrão popular

balacobaco saca-trapo de xamã

flor de cravo e batucado do colar balangandã

siricutico bororó cantarolar,

tico tico pó de mico

quero ver no que vai dar

Se é que vai mas sei que vou

Não custa nada arriscar

Música é coisa pra sentir de perto

E de longe assim não posso te escutar

Talvez esse seja o caminho certo

Até os astros resolverem se alinhar

Acho que minha rima é coisa de boteco

Pareço criança aprendendo a brincar

Desculpem-me os repentistas

E o galope à beira mar

Mas ritmo é sintonia e

Fico esperando a gente se encontrar

Talvez seja um sinal que procuro

Talvez seja bobagem te esperar