NEM LUZ TERÃO OS OLHOS MEUS

Um dia me cansarei

De ver a tua imagem translúcida

Impregnada no espelho

Do meu coração.

Um dia,

Quando a ternura não mais existir,

E a alma congelar-te

Na janela dos sentimentos,

Eu juro,

Apagarei a tua face em mim.

Os olhos não mais procurarão os teus.

O espelho não terá luz.

Nem luz

Terão os olhos meus.

Eu sei que apagarei,

E um vazio imenso povoará o mundo,

Rasgando as veias lassas do peito.

Mas,

Também num dia frio,

Evocarei a tua imagem indelével no tempo.

Reconstruirei o teu esboço

E o secarei com um sopro quente,

Legado que restou de mim

Para fazer-te meu, ainda.

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 05/11/2005
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