NEM LUZ TERÃO OS OLHOS MEUS
Um dia me cansarei
De ver a tua imagem translúcida
Impregnada no espelho
Do meu coração.
Um dia,
Quando a ternura não mais existir,
E a alma congelar-te
Na janela dos sentimentos,
Eu juro,
Apagarei a tua face em mim.
Os olhos não mais procurarão os teus.
O espelho não terá luz.
Nem luz
Terão os olhos meus.
Eu sei que apagarei,
E um vazio imenso povoará o mundo,
Rasgando as veias lassas do peito.
Mas,
Também num dia frio,
Evocarei a tua imagem indelével no tempo.
Reconstruirei o teu esboço
E o secarei com um sopro quente,
Legado que restou de mim
Para fazer-te meu, ainda.