Além da Lua e das Estrelas
Flor que faleceu
numa madrugada,
observada unicamente
pela solidão da lua.
Pedaço de existência
que insiste em habitar
o momento presente,
criando sombras,
despertando o desejo
de retornar, reescrevendo o passado
com tintas de idealizações.
Alimentando algo que,
de fato, talvez nunca tenha existido;
adubando as dúvidas.
São vultos furtivos
sem identidades,
é toda a quietude
do silêncio consentido,
para depois predominar
a inquietação de vozes dissonantes
de indesejados conflitos.
Por fim,
a tensa falta de palavras,
o andar de passos
que vão embora,
a realização da distância.
Entorna o copo
repleto do venenoso
líquido do vazio,
do afeto que perde o objetivo.
Ruas vazias, o coração vazio,
o vácuo que contamina
toda a existência,
intensa angústia.
Um esgotamento das esperanças,
pouco importa se estas
eram razoáveis ou não,
pois a ilusão recria
a realidade, dá-lhe as cores
de suas coloridas tintas,
de tal forma que cria quadros que,
mesmo tristes, parecem ter
beleza inigualável.
Escravizado à amargura,
despoja os cômodos da memória
onde guardava tais quadros.
Inquietação ao ver
as alvas paredes
sem quadro algum;
a profunda dor da perda.
Melhor seria tentar
reter as recordações,
mesmo que envelhecidas.
Respirar a brisa viciada
que vem dos porões
do senil casarão mental,
Tentando produzir
algum calor para se proteger
do vento invernal.
Muito difícil,
a harmonia foi quebrada,
perdeu-se algo
que a tudo integrava.
Sentimento dividido;
as estrelas já não fazem confissões,
não conversam entre si,
Dão as costas umas às outras,
não compartilham brilho,
são luzes isoladas.
Morte da inspiração.
De poeta a patético.
Declama a um inerte poste.
O poste, em mortífero silêncio,
escuta com toda desatenção
da sua inércia,
Calado e carrancudo ouvinte.
Deterioração de toda
e qualquer possibilidade poética.
Plenitude de uma mistificação;
foi-se a alma e ficou
o corpo vazio,
tentando fingir-se de vivo.
Agoniza uma paixão,
o arder sanguíneo esfria-se;
da mornidão para
completa indiferença.
Mortificação, frustrada
tentativa de fuga da dor.
Nuvens rarefeitas
cobrem o brilho da lua.
O tempo insiste em fechar,
as nuvens ficam densas,
cobrem todo o céu,
Agora nem mesmo
o brilho anárquico das estrelas,
anestesia sensorial,
Falta o impulso da vida:
a lua oculta;
as estrelas fugitivas;
o céu encoberto.
Desaparece a luz,
intensifica-se
o breu da noite:
domínio das sombras.
E nessa profunda escuridão
um brilho distante:
fulgura um olhar feminino.
O incômodo olhar
com seus inquietantes segredos
e sutis promessas.
Tenta se desvencilhar,
mas existe um mágico encanto
que o torna vulnerável.
Um poderoso feitiço
que promete paz,
mas inicia robusta guerra.
Que alimenta expectativa,
mas pode trazer
enorme frustração.
Que parece porto seguro,
mas é convite para alto mar;
daí o risco e desafio.
Daí o prazer e a dor
que voam como que sonhos alados
numa etérea noite invernal.
Flor que faleceu
numa madrugada,
observada unicamente
pela solidão da lua.
Pedaço de existência
que insiste em habitar
o momento presente,
criando sombras,
despertando o desejo
de retornar, reescrevendo o passado
com tintas de idealizações.
Alimentando algo que,
de fato, talvez nunca tenha existido;
adubando as dúvidas.
São vultos furtivos
sem identidades,
é toda a quietude
do silêncio consentido,
para depois predominar
a inquietação de vozes dissonantes
de indesejados conflitos.
Por fim,
a tensa falta de palavras,
o andar de passos
que vão embora,
a realização da distância.
Entorna o copo
repleto do venenoso
líquido do vazio,
do afeto que perde o objetivo.
Ruas vazias, o coração vazio,
o vácuo que contamina
toda a existência,
intensa angústia.
Um esgotamento das esperanças,
pouco importa se estas
eram razoáveis ou não,
pois a ilusão recria
a realidade, dá-lhe as cores
de suas coloridas tintas,
de tal forma que cria quadros que,
mesmo tristes, parecem ter
beleza inigualável.
Escravizado à amargura,
despoja os cômodos da memória
onde guardava tais quadros.
Inquietação ao ver
as alvas paredes
sem quadro algum;
a profunda dor da perda.
Melhor seria tentar
reter as recordações,
mesmo que envelhecidas.
Respirar a brisa viciada
que vem dos porões
do senil casarão mental,
Tentando produzir
algum calor para se proteger
do vento invernal.
Muito difícil,
a harmonia foi quebrada,
perdeu-se algo
que a tudo integrava.
Sentimento dividido;
as estrelas já não fazem confissões,
não conversam entre si,
Dão as costas umas às outras,
não compartilham brilho,
são luzes isoladas.
Morte da inspiração.
De poeta a patético.
Declama a um inerte poste.
O poste, em mortífero silêncio,
escuta com toda desatenção
da sua inércia,
Calado e carrancudo ouvinte.
Deterioração de toda
e qualquer possibilidade poética.
Plenitude de uma mistificação;
foi-se a alma e ficou
o corpo vazio,
tentando fingir-se de vivo.
Agoniza uma paixão,
o arder sanguíneo esfria-se;
da mornidão para
completa indiferença.
Mortificação, frustrada
tentativa de fuga da dor.
Nuvens rarefeitas
cobrem o brilho da lua.
O tempo insiste em fechar,
as nuvens ficam densas,
cobrem todo o céu,
Agora nem mesmo
o brilho anárquico das estrelas,
anestesia sensorial,
Falta o impulso da vida:
a lua oculta;
as estrelas fugitivas;
o céu encoberto.
Desaparece a luz,
intensifica-se
o breu da noite:
domínio das sombras.
E nessa profunda escuridão
um brilho distante:
fulgura um olhar feminino.
O incômodo olhar
com seus inquietantes segredos
e sutis promessas.
Tenta se desvencilhar,
mas existe um mágico encanto
que o torna vulnerável.
Um poderoso feitiço
que promete paz,
mas inicia robusta guerra.
Que alimenta expectativa,
mas pode trazer
enorme frustração.
Que parece porto seguro,
mas é convite para alto mar;
daí o risco e desafio.
Daí o prazer e a dor
que voam como que sonhos alados
numa etérea noite invernal.