A SERPENTE 


Suas palavras são doces e convincentes,
Sorriso terno de estilo bom gosto,
Graciosos voos de aves de plumagens,
Olhar de animal feroz das matas virgens,
Andar delicado das gazelas.
 
Mãos que contornam círculos
Viciosos,
Braços que alcançam a própria
Relva,
Pernas que formam alicercem,
Cachos de cabelos, rosto de amêndoa.
 
Paladar das gostosuras deliciosas,
Acima os montes ainda não tocados,
Abaixo do umbigo setas de perigo,
Caminhos inexplorados perseguidos,
Que erram todos os indesejados.
 
Acampa ao redor dos curiosos,
Mesa farta que se perde o rumo,
Desperta o desejo adormecido,
Amordaça a boca o próprio grito,
Rir-se a louca quando se perde os sentidos.
 
Desvirtua o correto para o errado,
Mancha a cama e ainda deixa rastro,
Desmente tudo e posta retrato,
Calada fica na sorrateira espreita,
É mais um que sobre ela deita.
 
Como foge das perseguições dos
Olhares,
Como atrai a pedra preciosa a lama
Da esquina,
Voz macia ouvida no silenciar da
Noite,
Morte e vida atraída à covardia.
 
É o vermelho dos lábios brilhantes,
Do vestido rodado com rosas entre os
Dentes,
Cordão de ouro, brincos e pingentes,
Serpenteia entre o barro e desliza
Sobre as águas,
É bonita, carinhosa e atraente.
 
Enganosos são os corações e suas redes,
Pegajosa, idolatradas dos sem juízos,
Invade a privacidade dos casais em
Plena lua de mel,
Destrói a visão dos aventureiros,
Deixa seu perfume entranhado, nos lençóis
E travesseiros.
 
 
Na cama imaculada deita-se sem
Permissão,
Aconchega-se ao corpo mais saciável,
Palavras brotam como torrente de águas
Frescas em sua boca,
São caminhos que levam os jovens as loucuras,
Que já deixaram muitas mulheres viúvas.
 
Cegam os olhos de todos os homens,
Que erram o caminho de casa,
Passam as noites de núpcias nas sarjetas,
Embriaga com cheiro forte de sua carne suja,
E acabam sozinhos encostados nos postes das ruas.
 
É como a serpente que aplica seu veneno
Suavemente,
Após o bote enrosca e aperta ainda mais
As suas costelas,
É difícil talvez desvencilhar-se dela,
Mas não é tão fácil desviar-se dos seus laços,
De suas armadilhas e encantamentos.
 
 
 
 
 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 24/09/2019
Reeditado em 11/11/2021
Código do texto: T6752700
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