ÍNTIMO SECRETO


A cada olhada uma conquista,
 A cada insulto um silêncio longo,
 A cada pergunta uma afronta,
 A cada resposta uma desconfiança.
 
 A cada sorriso um ar disfarçado,
 Em todas as mãos dadas um abraço apertado,
 A cada pisada uma perseguição sem controle,
 Enquanto tocam-se os corpos tateando um no outro,
 Há uma sensação de entrega, plenitude e gozo.
 
 A cada lágrima rolada um choro
 Incontido,
 A cada palavra maldita é o retrato
 Da própria vida,
 A cada ansiedade escondida prova
 Do desassossego,
 A cada arrogância debochada batem
 Na cara ferida.
 
 A cada memória vivida a doce lembrança
 A parte,
 A cada despedida temos uma única chance
 De saída.
 A cada pessoa desconhecida reflito na
 Minha própria imagem,
 A cada ação fracassada sem risos,
 Sem dor, sem gargalhadas.
 
 Em todos os ciúmes amizades separadas,
 Em todos os bons momentos sente-se amada,
 Em todas as fases de tristezas aproximo mais da natureza,
 Em todo gesto de nobreza apresento-me delicadeza.
 
 A cada mentira é como um poço, um esgoto,
 A cada verdade proferida é bálsamo para o meu
 Rosto,
 A cada beijo emudecido é como romantismo
 De um louco,
 Em todas as fontes de águas saciáveis são delícias
 De oásis imagináveis.
 
 Em todos os corações despedaçados escondem
 Os momentos mais sofridos,
 Em todos os encontros e despedidas há
 Lembrança do nosso passado,
 Em todas as prisões dos pensamentos há
 Liberdade de expressões mútuas,
 Em todas as carícias em movimentos há
 Laços, sentimentos e suspiros profundos.
 
 Assim como a chuva está para terra,
 A atração está para guerra,
 A boca anuncia o ato despertar do desejo,
 O corpo arde como a chama de fogo,
 É o preparo para um longo beijo,
 Quando se abraçam liberam seus próprios
 Desejos.
 
 É o ambiente que propicia o panorama,
 É a adrenalina que atrai a própria cama.
 São as respirações que declaram as fantasias,
 É no silêncio que rompemos aquele dia,
 Todas as palavras que não sequer calar.
 
 Esse amor desconfiado e desconfiança,
 Que invade mansinho em seu peito,
 Aos poucos descobre o valor um do outro,
 Não há sofrimento quando abre essa porta,
 Mas há comunhão, corrente de alegria que se aborda.
 
 Há coisas não declaradas no nosso
 Íntimo secreto,
 Que nos perturba durante toda vigília
 Da noite,
 Que está escondida em nossa mente,
 É como um inimigo que dorme ao lado
 Da gente sem ser incomodado.
 
 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 24/09/2019
Reeditado em 26/11/2021
Código do texto: T6752696
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