Casebre [Ou flores silvestres]
Um grito enclausura meu peito
Mas o silêncio é que me tange a alma,
e esse silêncio que parte de você é reflexo das vezes que gritei,
e esse grito que havia em mim, é a sonoridade dos dias que ensejei
o teu sorriso o teu rosto a tua companhia;
Cuja qual eu já tinha, mas parecia muito mais do que eu achava merecer...
Me via perdido no tortuoso caminho, e a tua mão embora frágil era meu guia, o teu peito o meu recanto, os teus lábios a minha fuga;
Mas deveras você caminhou mais forte, e teus grandes passos eu não acompanhei, você bem que tentou, por mim, por você, por nós, e eu achei que era fase, achei que no labirinto de escuridão e maldade eu a encontraria vagando por ai outra vez;
Mais o meu coração nunca mais brilhou, a luz não mais se acendeu, e você se mudou, mudou de casa, de lugares, de número e eu continuo aqui, regando as flores silvestres do velho casebre frágil o casulo de nosso amor;
Os vendavais arrancaram-lhe as telhas, as flores e paredes, quase ninguém mais o conhece, me esforcei para reconstruí-lo mas as barreiras do orgulho lhe fizeram me desencorajar, e ao ouvir a tua voz [ou a ausência dela] parei de construir, de por as telhas em pedaços de gravetos mortos.
Sentei-me então e virei as costas não tinha malas para carregar a bagagem,o que me sobrara era coisa pouca, então caminhei, de passo em passo sem parar por um, agora quase dois anos, e no caminho senti sede, bebi em outras fontes, no caminho senti fome me saciei em outros frutos, os meus pés calejaram, sangraram e não parei,nos dias de inverno caminhei, no sol ardente eu andei, essa noite tive coragem e virei-me para trás, encarei....
E agora descubro que não sai do quintal;
[Ainda te amo...]