Adeus

Escombros de um sonho que acabou.
A dor do coração. A contração da face.
Um velho retrato. Um olhar perseguidor.
Lágrimas secas. Soluço preso à garganta.

A voz que se foi para ficar na memória.
O encanto perdido. O descaso de si.
E toda a inutilidade da falsa indiferença.
Sombras do passado turvam o presente.

A evocação por presença que não vem.
E na ausência, a constatação da falta.
Dura perda que nunca será suprida.
E na solidão, o murmúrio de um nome.

Já é tarde para arrependimentos.
Já passou a hora do possível perdão.
Resta apenas o consolo da imaginação,
O delírio idealizado de intensa paixão.

E o vento da noite estava frio.
E o coração batia lentamente.
O espírito tinha luzes apagadas,
A inspiração esvaiu-se em fumaça.

E todo tempo se esgotou, apressado.
E o fogo da alma esfriou.
Estava vivo, mas mortificado.
Querendo ir, permanecendo imóvel
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/09/2019
Reeditado em 21/09/2019
Código do texto: T6750730
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