Lâminas frias

Hoje quase morri de um mal súbito de perplexibilidade

ao ver, na distância,

cortando a água esmeralda do mar,

o teu amor vindo em minha direção

como um bólido desgovernado.

Pensar que em dias atrás a paisagem era descolorida,

não oferecia inspiração

e os meus olhos não podiam ver o horizonte

pois, tão escuras como as tardes de outono

era o meu coração sofrido

ante a minha face de desolado fulgor.

Qual é o fim que a tênue linha da paixão se sustém?

Serei o braço que te abraça?

A boca que te beija?

O poeta que te traduz nas rimas?

O alvo das setas envenenadas da dor

que me buscam o peito

para enterrassem como lâminas frias

na carne febril deste pobre verme

cujo único pecado

foi amar de mais.

Luis Fernando Poeta
Enviado por Luis Fernando Poeta em 16/09/2019
Código do texto: T6746625
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