minha...

isso é lindo:

tudo o que pudemos ser

tudo o que podemos ser

tudo o que pudermos ser

depende exclusivamente

tão só e exclusivamente

da polícia rodoviária

dos freios do ônibus

da recepcionista

dos mosquitos

da menstruação

t.p.m.

da cistite

da tontura

da perda de peso

da anemia

da hipoglicemia

da dor no estômago

da descarga

da chuva

da lama no vestido

do falar demais

do falar de menos

do ouvir de menos

do pensar demais...

pra que pensar demais?

eis um paradoxo das almas pensantes

- é que sentir sem pensar não tem a menor graça...

o que poderemos vir a ser

não está em nós

está, sim, no dentro-em-nós

que quase não nos pertence

- danem-se os mosquitos

não nos importam em absoluto

da escrivaninha?

quem sabe o sal das minhas lágrimas no teu papel...

poesia, princesa...

é o baralho “on the table”.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 30/09/2007
Código do texto: T674552