DOMADORA DE AÇO
Á escritora e artista plástica,
Meyre Miranda.
Com suas mãos hábeis e delicadas,
ela vai trabalhando carinhosamente,
toda a fria dureza do aço que há em mim.
Com seu jeito próprio de ser, vai me forjando.
Vai modelando-me a seu bel-prazer.
Vai aos poucos me transfigurando,
dando me vida, dando me a real beleza,
que jamais eu poderia enxergar antes.
Todos os dias, todas as noites.
É sempre assim...
Em sua oficina eu sou modelado.
Tenho que me vergar a seus cálidos desejos
de me ver transformado em algo melhor.
Em algo que seja agradável aos olhos alheios.
E mesmo contra minha vontade,
não tenho como resistir aos seus desejos de mulher.
E assim, deixo-me ser levado por suas vontades.
Passo por um processo árduo e doloroso,
mas ciente de que tudo será melhor um dia,
não apenas para meu corpo rígido e bruto,
mas para o bem maior de minha fria alma.
Sou amassado, riscado, recebo fogo.
Sou envergado, lixador e polido.
Sinto todo o meu corpo contorcer em suas mãos.
Agora, não sou mais o mesmo.
Toda a minha sorte foi mudada.
Deixei de ser tão frio e rígido como outrora,
e sou melhor visto por outros olhares.
Tive que compreender, que a beleza do aço,
está no deixar-se ser modelado,
pois somente assim é que posso
conseguir satisfazer aos que me rodeiam.
São Francisco (MG), 09 de setembro de 2019.