VÓ LUZIA

Francisco Alber Liberato

De repente, da treva à luz.

Do barulho do trem emerge a esperança

A buzina anuncia bonança

Feijão, milho, rapadura, farinha, ...

Deslizam nos estômagos e trilhos dilatados

A locomotiva se arrasta cansada

O peso das sacolas e dos anos

Suada, lentamente pousa, mais uma estação.

Outono, inverno, verão, amor no coração.

Primavera, prima Vanda, quanta emoção.

Muralha de ferro, ombros frágeis.

Ali pairava o alento, a certeza do alimento.

Como pode uma pessoa tão pobre

Trazer tanta riqueza?

Um trem era pequeno

Para transportar tanta alegria

Era mais do que mantimento

Era a sabedoria, a paz de espírito.

Era a autoridade moral

Era alguém que nem assinar o nome sabia

Era vó Luzia

Pão nosso de cada dia

Mulher fusão de aço e doçura.

Alber Liberato Escritor
Enviado por Alber Liberato Escritor em 06/09/2019
Código do texto: T6739128
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