AS LUAS DE MARTE
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Sem meta vagueio nas noites marcianas
buscando nas dunas de face diversa
semblantes amáveis que o vento dispersa
mudando os sorrisos em formas estranhas,
e esmagam meus pés, em mares antigos,
os sonhos de nácar da magra criança:
-escunas, piratas, a mágica lança,
medusas e heróis que jamais foram vivos...
Navegam o eco do abismo sem cor
duas luas –irmãs da pedra infecunda-
fidalgas do nada na exangue planície:
-uma pastora os destroços do amor
feito pó na aurora da vida; a segunda
só chora o meu choro de seca velhice.