Júlia e Cora

A primeira vez que você percebe

É estranho

É sutil, é frágil

E mesmo no delírio da noite

Você se convence que é melhor deixar passar

Você ignora sinais

Mesmo quando seu coração acelera

E ela está próxima demais

Você não entende o porquê

Nem como começou

Mas de repente

Quando seus olhos fecham

Ela está timidamente nua na sua cama

E você já escreveu mil poesias

Sobre como seria tê-la ali

O tempo não vai melhorar

Porque quando você começa a esquecer

Ela te faz lembrar

Acendendo chamas de fogueiras impossíveis

Brincando com possibilidades do que podia ser real

Poderíamos nos gostar além do agora

Poderíamos dar prazer uma a outra

Poderíamos ser liberdade poética

Poderíamos rir juntas de todos os nossos medos

Poderíamos simplesmente sair do meu papel

Mas o sol vai nascer novamente

E você vai repetir suas escolhas

Porque são seguras

Porque te levam a caminhos que seus pés conhecem

Você não vai navegar

Nesse vasto mar de sargaços

Só porque por um momento

O pôr-do-sol pareceu suficiente

Eu sou só uma dúvida

Que não vale o risco

Uma poesia declamada

Num dia que valia mais a pena

Ser o silêncio na multidão...

Menina Beijaflor
Enviado por Menina Beijaflor em 28/08/2019
Código do texto: T6731144
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