Cantiga do esquivo semblante

Não hei de fugir ao padecer

Que me hão posto teus olhos

Senhora, pois o morrer

Já experimento, em geolhos

No quanto vivo distante

De teu esquivo semblante

E já não me resta desejo

Pois morto estou, e morto me queria

Longe de ti, e eis que vejo

Minha coita viva em cada dia

No quanto vivo distante

De teu esquivo semblante.

Melhor se Deus me arrancara

Desta sombra ensandecida

Que me cobre outrora clara

Face guerreira, agora perdida

No quanto vivo distante

De teu esquivo semblante.

Mas me rebelo à misericórdia

E vivo morto por tua causa

Na chama sem luz nem glória

Que me faz ver tua casa

No quanto vivo distante

De teu esquio semblante.

Rodrigo C Pereira
Enviado por Rodrigo C Pereira em 20/08/2019
Código do texto: T6724822
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