Cantiga do esquivo semblante
Não hei de fugir ao padecer
Que me hão posto teus olhos
Senhora, pois o morrer
Já experimento, em geolhos
No quanto vivo distante
De teu esquivo semblante
E já não me resta desejo
Pois morto estou, e morto me queria
Longe de ti, e eis que vejo
Minha coita viva em cada dia
No quanto vivo distante
De teu esquivo semblante.
Melhor se Deus me arrancara
Desta sombra ensandecida
Que me cobre outrora clara
Face guerreira, agora perdida
No quanto vivo distante
De teu esquivo semblante.
Mas me rebelo à misericórdia
E vivo morto por tua causa
Na chama sem luz nem glória
Que me faz ver tua casa
No quanto vivo distante
De teu esquio semblante.