Amor dos meus pais
O amor dos meus pais era uma coisa boa, quando eu estava a toa, a ripa estralava nos lombos, ainda hoje carrego o peso das marcas nos ombros. Quando passava mal, apanhava de torçal. Se resmungasse besteira, apanhava de mangueira. Nas cheias do Rio Poti, eu pulava da ponte para me divertir, as ribanceiras pareciam cachoeiras e eu amava aquelas chuvas de brincadeiras, mas quando eu chegava em casa, meus pais, minha carne, amaciavam. Mas foda-se, só depois de percorrer boa parte da estrada é que a gente compreende que a vida de adulto é complicada.