Fuga Dourada
Olhos tão doces
Para momentos tão descartados
Assim como cabelos tão marcantes
Para tão pouco amor derramado.
Se fosse possível ao menos perceber
A causa desse mal que me fez perecer
Pois como não senti as rajadas de carinho
Surpresa e emoção
Enquanto elas ainda vinham, distantes e lentas?
Há somente uma explicação:
Devo ter adormecido em seus braços
Nos quais nunca fui embalado.
Ou então enfeitiçado por seus olhos
Os quais nunca me lançaram um olhar de posse.
Os únicos inocentes são seus lábios,
Sinceros e modestos.
Nunca pronunciaram palavras cheias de esperança
Nem selaram quaisquer votos de amor.
Por isso, não os culpo
Quem poderia?
Dançaram com os meus uma noite
Os tocaram com paixão
Mas penso que ninguém aguente dançar por uma noite inteira
Ou ainda mais que uma noite.
Por isso que fostes descansar, imagino.
Claro que não sei aonde descansa
Aonde mora
Aonde vive a sua felicidade
Sei aonde vive a minha
Sendo tal saber contraditório
Como sei aonde ela vive, se não sei aonde você está?