Melancolia

Espero, ainda espero.

Há pouco senti a brisa

e nela o perfume dos campos desabridos.

Poderias ser tu mas o teu aroma é forte,

intenso, de casca de maçã no lume.

Poderias ser tu no restolhar das folhas secas

mas algo me diz que tens passada mais forte,

de gente determinada

e na luz não há mesmo nada de ti,

minha boca perdida,

meu portal de sangue,

minha voz baça.

Espero, ainda espero

que sejas na noite a intensidade que preciso,

o absoluto de tudo, decantado,

até ao avesso,

o corpo, a melancolia, a saudade do sexo

assim achado onde ainda há instantes

a água nem corria.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 04/08/2019
Reeditado em 04/08/2019
Código do texto: T6712087
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