Embarcação dos Amantes Solitários

Essa dor que me atravessa

E me faz querer chorar

Esse amor que não tem pressa

Satisfaço-me em te olhar

Minha respiração ofegante

No meu peito retumbante

Tenho sonhos mais que lúcidos

Onde sou o seu amante

Minha mão úmida fechada

Indignamente calejada

Faz o teu sorriso mais bonito

Ser meu ponto de largada

Cenas de fundo verde

Se misturam com a verdade

O teu rosto na parede

Mata a minha liberdade

Ao som dos tiros no horizonte

Tens o amor de minha fonte

Abala em mim a bala ao peito

Pois não queres que eu te conte

Morri de esperanças nesse front

Agora junto dos desafortunados

Embarcados no suplício de Caronte.