O que vive em mim

Os estigmas que vivem em meu espírito penetrante de ser,

Pandemônio de meu coração supliciado de amargor,

Entoando a desafeição de somente perdurar e jamais do pensamento saber transcrever,

Esmiuçando migalhas do que em tempo algum será amor.

Postulando aos dias um bedelhar dos raios que a tudo ilumina,

Dessa esperança que se quebra e não há sequer um afagar dos cacos que se foram,

Da aurora ao crepúsculo incessante,

Sem o viver dos dias e o falecer das noites não viverei sequer

mais um instante.

Na sonata que peregrina os vales da alma do anjo querubim,

Penetro no chão que desconheço e que jamais vi ou haveria de ver,

Os mares calmos, mas o vendaval dos confins viria,

A visão de onde estava era somente o ouvir do silêncio que perturba, mas que tudo diria.

As lágrimas que sangram dos olhos ao papel que escreve as juras mais profundas,

O desconhecido já não era uma incógnita indecifrável sem fim,

Era apenas uma canção que não se ouve e desvanecia,

E por não conhecer-me, vi que estava apenas dentro de mim.

Na canção que anteriormente não existia, se ouve agora a maior sonata já tocada,

A maior aurora a ser contemplada,

A maior paixão a ser amada,

O maior falecer que renasce das páginas que nunca foram folheadas.

Uma partícula de amor cura um oceanos de amarguras infinitas,

Torna da maldade a esperança do mal bendita,

Torna de todo frio o calor que aquece o impossível e o torna fecundo,

O amor que habita em mim é maior do que o que está no mundo.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 03/08/2019
Código do texto: T6711194
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