O que vive em mim
Os estigmas que vivem em meu espírito penetrante de ser,
Pandemônio de meu coração supliciado de amargor,
Entoando a desafeição de somente perdurar e jamais do pensamento saber transcrever,
Esmiuçando migalhas do que em tempo algum será amor.
Postulando aos dias um bedelhar dos raios que a tudo ilumina,
Dessa esperança que se quebra e não há sequer um afagar dos cacos que se foram,
Da aurora ao crepúsculo incessante,
Sem o viver dos dias e o falecer das noites não viverei sequer
mais um instante.
Na sonata que peregrina os vales da alma do anjo querubim,
Penetro no chão que desconheço e que jamais vi ou haveria de ver,
Os mares calmos, mas o vendaval dos confins viria,
A visão de onde estava era somente o ouvir do silêncio que perturba, mas que tudo diria.
As lágrimas que sangram dos olhos ao papel que escreve as juras mais profundas,
O desconhecido já não era uma incógnita indecifrável sem fim,
Era apenas uma canção que não se ouve e desvanecia,
E por não conhecer-me, vi que estava apenas dentro de mim.
Na canção que anteriormente não existia, se ouve agora a maior sonata já tocada,
A maior aurora a ser contemplada,
A maior paixão a ser amada,
O maior falecer que renasce das páginas que nunca foram folheadas.
Uma partícula de amor cura um oceanos de amarguras infinitas,
Torna da maldade a esperança do mal bendita,
Torna de todo frio o calor que aquece o impossível e o torna fecundo,
O amor que habita em mim é maior do que o que está no mundo.