FASCÍNIO
Um dia foste flor e murchaste,
Os colibris que se acercaram de ti, choram tua morte,
Um dia foste bela e morreste,
Foste esbelta, foste encanto e desapareceste: esta é tua sorte.
Tu nasceste de um enorme cacho,
Tua vida foi motivo de toda admiração.
As pessoas te viram e uma te quis para si,
Mas o jardim onde nasceste ficaria sem tua proteção.
Fizeste a vida das pessoas melhor,
Tu foste a poesia dos olhos românticos,
Tu foste e serás eternamente essa essência,
Tu foste o mais belo e mudo de todos os cânticos.
Teu porte esguio em tuas vestes vermelhas,
Realça a beleza de tua silhueta inimitável,
Não sejas apenas um flor qualquer, sem definições,
Tendes a viver não apenas de tua figura incomparável.
Deixe que a garoa refresque tuas pétalas,
Pois quando meu pranto te umedecer já não sentirás,
Tua existência é curta então não a passes em vão,
Teu dever na hora suprema tu mesma o descobrirás.
Um dia, mais tarde, não serás mais flor,
Teu tempo te transformará em fruto doce,
Então teu caldo deliciará os apetites diversos,
Meus lábios alimentam já essa esperança precoce.
Tua semente cairá pela terra fértil,
De tua rude casca sairá a nova vida,
Vida que crescerá e um dia tudo se repetirá,
E as pessoas lembrarão de que um dia
te viram por sobre o muro erguida.
1.980