COMO TE AMAR
COMO TE AMAR
Como te amar, sem nunca ter-lhe visto
Tu tocas sem tocar, eu olho sem te ver
Somos corpos entrelaçados, sem presença
Compreensão sem noção, incompreendida
Vim dos vales penhascos, recalcado de valores
Das fendas frias, eu neles as vezes escondida
Revestida de aspereza altiva sem nobreza
Me mostro com brio e brilho, de madrepérola
Como concha me abro, cruel insana e objeta
Quero os mitos de meu amor, em meus lençóis
A vertigens, os gritos guturais de gozo finito
O amor que penso e muito mais, é idolatria
Porque a carne clama, dilacera se decompõe
Mais o tempo, dizer adeus não faz acabar
Dirás que e sonho demente, de um poeta
Eu digo que vivi contigo, em outras vidas
Sibilante é lisa serpente, em ti habito
Dirás que minto, más não meu amante
Tu sentes o veneno, que sorve e mitigas
A sede do amor, que ofereço só a ti
Como dama cortesã, pupila ou menina
ADELE PEREIRA
20 /07/19