E hoje irei à tua carne desfigurar o pudor,
por cima...
Impetuosa e absoluta,
por cima...
como a seiva lavrando a terra,
como a chuva rompendo o silêncio da pedra,
cegamente
Em ti, o leite e o mel
aprofundam as brasas à margem do grito
E quem te julgará pelo sangue a fogo fundido ?
Quem me sentenciará por deixar-me toda à tua mão incalculável ?
Ahhh... Quando enredados, um outro mundo se abre,
embriagado e luminoso
O tempo é forjado de ardor, e a vida, um intervalo,
onde nos envolvemos pra sempre
E hoje irei ao teu corpo, essa pele luciferina,
gomo a gomo, palmo a palmo,
desde as sargaças nascidas aos teus pés até a lira implacável da boca !
Coze-me pois, ergues a tua violência :
A poesia em febre do olhar !
Posto que hoje, amor, irei ao teu flanco montar os cavalos selvagens !