Para onde sempre volta
Dói demais sentir saudade de você
Não estar em companhia dos seus defeitos
Dos seus afetos, da sua presença rarefeita
Na esquina, você cruza, indiferente
Como quem vai ali comprar um pão
E volta debulhado em sorrisos
Enquanto tento conter meu coração
Que salta, pula, dá cambalhotas de desejo
Se eu pudesse te roubar um beijo
Tocar o cacheado dos seus cabelos
Sentir a maciez da sua pele
Cantarolar Rita Lee enquanto comemos jujuba
Vestir pijama de bichinho
Dividir o guarda chuva
E reclamar do vizinho do 502
De pantufa, no sofá, enquanto cai a chuva
Abraçados em torno da fumaça de um chá
Ler Caio Fernando de Abreu e chorar
Folhear a última edição daquele livro...
Ser abrigo, ser morada, ser a casa
Para onde sempre volta
Para onde sempre volta