Para onde sempre volta

Dói demais sentir saudade de você

Não estar em companhia dos seus defeitos

Dos seus afetos, da sua presença rarefeita

Na esquina, você cruza, indiferente

Como quem vai ali comprar um pão

E volta debulhado em sorrisos

Enquanto tento conter meu coração

Que salta, pula, dá cambalhotas de desejo

Se eu pudesse te roubar um beijo

Tocar o cacheado dos seus cabelos

Sentir a maciez da sua pele

Cantarolar Rita Lee enquanto comemos jujuba

Vestir pijama de bichinho

Dividir o guarda chuva

E reclamar do vizinho do 502

De pantufa, no sofá, enquanto cai a chuva

Abraçados em torno da fumaça de um chá

Ler Caio Fernando de Abreu e chorar

Folhear a última edição daquele livro...

Ser abrigo, ser morada, ser a casa

Para onde sempre volta

Para onde sempre volta

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 15/07/2019
Código do texto: T6696730
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