Voraz
sinto-te tão voraz
esbelta corça em saltos magros
e altivos por cima de mim fugaz
sou dos teus gemidos uma alcova
aberta e preparada para te afagar
no sorriso da minha boca molhada
língua solta sedenta e transfigurada
em movimentos graciosos de batalha
aos braços longos quentes e brancos
atribuo o poder de me apertarem
até à doce aprazível e letal asfixia
revejo-te todos os dias na ventania
na tempestade e nas manhãs frias
que tardam em se abrir para o amor
sou da tua vontade o teu estertor
apesar do olhar lânguido que te deito
do teu cheiro sinto o ar rarefeito
sou lança que em ti avança sem dor