Banquete
E assim, como quem não quer que a vida se esvaia
saboreio tua voz,
como quem sente a manhã nascendo, lânguida e morna,
envolvente, me chamando pra te amar sem pressa,
gemendo baixinho a cada toque teu...
Quero te viver de todas as formas e te amar também
com a urgência dos dias que correm, céleres,
a brincar com o tempo, tão escasso, que temos
precioso néctar que nos é ofertado às gotas...
Depressa, sofregamente, como se pudesse te engolir inteiro,
para fazer com que teu sangue corresse em minhas veias,
alimentando-me de ti.
Explosão de orgasmos que te oferto, apaixonada, pois são teus todos os meus ais...
De novo e de novo, refestelar-me com o banquete
de tudo o que é meu em ti
e que me entregaste em ritual de fervoroso e doce amor...
Como quem sabe que o sereno vai sumir no começo da manhã mais fria,
agarro-me ao teu eu e anseio me fundir em ti,
nessa escultura do que somos, dependentes de quem somos,
amantes do que nos tornamos,
compostos unicamente de nós dois.