eu escrevo quando me convém

derramado em meus olhos feito as areias do tempo, tenho um cansaço 
que em meus ombros descansa 
para qualquer lugar que me arrasto. 
você já deve ter me visto, sempre sentado 
em qualquer lugar. 
assim que chego em meu destino,
conto as cadeiras vazias, as esquinas vagas e a luta começa 
quando eu menos 
espero. 
minhas pálpebras tremem, fecham sem minhas ordens.
E eu caio 
neste buraco cujo chão é meu despertador. 
preciso me manter em pé, eu sei. 
molho a garganta com algo quente, 
e a fumaça deixa meus pulmões 
secos. 
nas noites de calor o suor oscila em minhas têmporas,
me sinto abraçado e no caminho certo, menos angustiado
com o pessimismo alheio interferindo em meu esporte 
solitário.
lembro e esqueço de nomes,
de pessoas que conheci cedo demais
de pessoas que conheci tarde demais
e de quem eu jamais quis ter conhecido. 
as lâmpadas dos postes brilham em meus olhos feito estrelas nesse céu
de ruas e avenidas. e assim espero o término deste verão, ouvindo 
a nostalgia de quem não viveu em uma época distante, mas atual.
e assim espero o término deste verão, 
procurando em mim qualquer motivo
para acordar no dia seguinte sem medo de viver.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 08/07/2019
Código do texto: T6691245
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